Bem Viver destaca 81 anos de Gilberto Gil e lançamento de Itamar Vieira Júnior

Edição também entra no clima junino, com música e explicação sobre a tradição das fogueiras

Na voz de Gilberto Gil, o refrão de "Esperando na janela" encerra a edição do programa de rádio Bem Viver desta segunda-feira (26). No gênero do forró, a canção celebra os 81 anos do mestre musical baiano e, ao mesmo tempo, deixa algumas pitadas de sensações típicas do clima junino.

Por isso eu vou na casa dela
Falar do meu amor pra ela vai
Tá me esperando na janela
Não sei se vou me segurar

Autor de mais cinquentas álbuns, Gilberto Gil eternizou a composição de Targino Gondim, Manuca Almeida e Raimundinho do Acordeon, repleta de inspirações gonzaguianas. O forrozeiro Targino Gondim chegou a dizer que "Esperando na janela" é sua versão de "Asa Branca". 

Além da musicalidade, a edição reproduz reportagem que explica a tradição do simbolismo das fogueiras juninas. Mais que esquentar o corpo ou representar crenças católicas, o ritual tem origem em festas pagãs, de acordo com o professor de História da Universidade Federal da Paraíba, Márcio Vinícius Carneiro.

"Servia para agradecer a fertilização da terra e pelas fartas colheitas. Além disso, existia a questão de afastar os maus espíritos que pudessem prejudicar a safra. Nós temos também ela [a fogueira] representando o bem - que é a criação da luz - e mal - já que o fogo é também destruidor", afirma em reportagem da Rádio Nacional reproduzida no programa.   

A literatura também tem vaga garantida da edição desta segunda-feira. Em entrevista, o escritor Itamar Vieira Junior fala sobre o lançamento de Salvar o Fogo, no último mês de abril. A obra aborda conflitos familiares e a luta de classes dentro de uma trilogia, iniciada por Torto Arado, em 2019. 

No livro, mais uma vez Vieira Junior transporta o leitor para a escassez que atinge grande parte da população e a relação entre sociedade e religião, mais especificamente, o poder da Igreja Católica sobre um pequeno povoado do interior da Bahia.

“Estou pensando na minha perspectiva familiar mesmo, nos meus laços de parentesco, nas minhas origens, mas também estou pensando em tudo que eu vivi trabalhando com camponeses e camponesas ao longo do tempo. Então eu não diria que eu dou voz aos silenciados. Talvez eu estivesse mesmo entre eles, afinal, essa é minha origem também”, conta o escritor que nasceu em Salvador e morou em Pernambuco e no Maranhão. 

Fonte: site brasildefato.com.br